Os pensamentos
preparam armadilhas pra gente. Ao cairmos nelas, nos enredamos de tal maneira
que esquecemos ser capazes de sair de lá. A vastidão da nossa alma fica
reduzida a um cubículo, como se não tivesse espaço suficiente para abrigar uma
variedade de sentimentos. Passamos a nos comportar como se tivéssemos apenas um
lápis de cor e não a caixa inteira. Nós
nos apegamos a alguns pensamentos e lhes conferimos exclusividade. Nós lhes
damos o cetro e a coroa e afirmamos o seu poder
sobre as nossas emoções. Ficamos presos neles, feito passarinho quando cai no
alçapão. A diferença é que, por mais que tente, ele não pode sair de lá
sozinho, ao contrário de nós. Passarinho
tem asas do lado de fora. A gente, do lado de dentro.
Ana Jácomo