quarta-feira, 7 de julho de 2010


Não adianta disfarces. Recalques. Ridiculamente óbvio quando analisado no divã ou na vida alheia. Os sinônimos do amor. Amor é palavra séria demais pra falar assim em vão. Por qualquer besteira. Amor é palavra que parece com aquelas limusines de casamento chique, que sai e vai levando muitas latinhas atrás de si. E são latinhas que fazem barulho. Barulho das responsabilidades que amar traz.
Então fica mais fácil não amar ninguém e gostar de todo mundo. Eu gosto de bolo de limão com calda de leite condensado. Gosto do meu edredon. Mas posso a qualquer hora abusar de um e de outro.
Eu consigo ver vez por outra os diversos nomes que fui dando ao amor ou foram dando ao amor que diziam sentir por mim.
Reler histórias antigas é tão engraçado como assistir um filminho demodê. Ver os gestos, os sinais, os códigos secretos emitidos por nós e para nós que antes não decifrados, hoje são tão claros e gastos. O medo saltitante de cada palavra insegura pensada e repensada mil vezes. O encanto brilhante diante do mistério que achava inocentemente ter sido descoberto. A brincadeira de dar, tomar. Gostar, desgostar. Atrair e se esconder. Intitulando aquela chaminha que ansiosa pulula buscando um pouco de ar pra tornar-se labareda: atração, paixão, curiosidade.

Tudo, menos amor.

E eu penso que no fundo a maioria (para não generalizar) gosta da tapeação. Do pó compacto que disfarça a rudeza que o amor pode significar pra quem trocou realidade por ficção ou contos da carochinha. Pobrezinho do amor. Foi trocado sem perceber. Nesse tempo de economias prefere-se os genéricos. Custam menos e provocam basicamente o mesmo efeito (nem que seja só de mentirinha). Pobrezinho de nós.'